O "acordar" (para uma nova vida)

Olá!

Como vos tinha dito, vou falar da experiência do "acordar". Confesso que fiquei um pouco assustada com o post da menina do Mais Pró Menos... Mas comigo parece ter corrido melhor. Acordei (no bloco) duas horas depois, com bastantes dores, mas minimamente suportáveis. Tentei me mexer e sedaram-me. Voltei a acordar, agora na UCI (cuidados intermédios) com um pouco menos de dores e alguma azia e sede. Foi-me permitido beber um golinho uma vez por outra e a azia foi passando. Não tive enjoos porque, antes da anestesia, foi injectado um medicamento para os evitar.

Passei 24h na UCI, monitorizada por duas máquinas que indicavam a minha frequência cardíaca, capacidade respiratória, número de ciclos respiratórios por minuto e a tensão era medida automaticamente de hora em hora. Para juntar à festa dos fios, tinha o soro/medicação e estava algaliada (e de fralda). Tive sorte de ter ficado no ângulo da televisão que ficou ligada para os enfermeiros. Ajudou-me a dormecer e a passar o tempo enquanto não dormia. Sempre que as dores pioravam, era só chamar... Graças a Deus, esteve tudo silencioso durante a noite mas mesmo assim creio que acordei de hora em hora.

De manhã deram-me banho. Bem precisava, sentia-me suada e suja apesar de ter tomado banho mesmo antes de ir para o hospital. Apesar de inicialmente ter ficado um pouco retraída por ser um auxiliar (e uma auxiliar) a dar banho, facto de eu pensar que ia ficar limpa e eles meterem-se um com o outro e comigo também, ajudou. Acabou por ser uma risota!

Pouco depois fui para o quarto, já só com o soro/medicação e um aparelho portátil (andava ao pescoço) que penso eu que media a minha frequência cardíaca (a tensão passou a ser medida pela enfermeira mais espaçadamente). Bebi um chá de cidreira meia a dormir. Mais perto da hora do jantar, veio o primeiro caldo. Nessa noite parece que dormi pior. Tive vontade de urinar mas tinha de fazer na aparadeira para ser feita a medição da urina. Não consegui fazer deitada e tive mesmo de me levantar... Doía-me tudo! Lá apoiada à parede e a auxiliar consegui ir ao wc e fazer com a aparadeira em cima do tampo da sanita (e assim fiz até ao último dia).

Dia seguinte, acordei maldisposta, com o sabor do caldo. Detectei nesse dia e no seguinte que caldos com arroz ou cenoura é para esquecer! Primeira refeição do dia, gatorade (bebida energética)... Beber meio copo a cada 20 minutos. Ao fim dos 20 ainda estava a terminar e tinha de começar o outro. E assim foi com os chás, os caldos, as águas, as águas de fruta,... Que vieram no devido horário ao longo do dia. Neste dia, tomei banho já no chuveiro mas com muita ajuda da auxiliar (não me conseguia dobrar). Sentaram-me no cadeirão mas passado uma hora estava farta de estar sentada e pedi que me deixassem caminhar, estava a sentir-me a "inchar". Tive o ok e lá fui eu e uma amiga caminhar de um lado para o outro... Até as pernas incharem... Toca a ir para a cama um pouco com as pernas para cima... E o dia passou-se nisto. Beber, caminhar, beber, deitar, sentar, beber, conversar, beber, caminhar,...

Dormi melhor na última noite (tanto que nem dei conta da enfermeira lá ter ido... 2 vezes!). Repetiu-se o ritual beber, caminhar, beber, deitar, sentar, beber, conversar, beber, caminhar,... Até à hora da alta. O cirurgião foi ao quarto (aliás foi ao quarto todos os dias) e disse-me que iria tomar um protector gástrico de 12 em 12h e brufen de 8 em 8h. Além disso deveria tomar todos os dias as restantes injecções de heparina. E lá me vieram trazer a casa...

Ena, grande post :P espero que seja útil...

Bjs